domingo, 17 de junho de 2007

As Origens

Cabana primitiva de Oscar Niemeyer. Fonte: www.vitruvius.com.br

“O conceito casa surge durante o Império Romano como sinônimo de cabana, tugúrio, choupana, de característica rural, como antagonismo ao termo domus que indicava a habitação urbana.” (MIGUEL,2002)

Jorge Marão Carnielo Miguel define casa como um edifício destinado à habitação, “um objeto construído à espera de um uso familiar em que as relações do plano físico e a troca emotiva de seus moradores possam fazer da casa um lar”.

Casa pode ser sinônimo de lar, porém o termo lar possui significado afetivo, sentimental, fazendo referência não só à edificação mas também à família que nela habita.

Segundo Miguel, “a palavra lar é uma corruptela de lareira. A lareira primitiva que faz do seu fogo o elemento inseparável da cabana rústica. O fogo que reúne ao seu redor todos os integrantes de um laço familiar, sendo, de um modo figurativo, um manto que aquece e une a todos num mesmo instante”.
Corruptela: 1. Alteração, modificação. 2. Modo errado de escrever ou pronunciar palavra ou locução.

Para ele, “o lar é uma condição complexa que integra memórias, imagens, passado e presente, sendo um complexo de ritos pessoais e rotinas quotidianas que constitui o reflexo de seus habitantes, aí incluídos seus sonhos, esperanças e dramas”.

“Para Vitruvio a essência da arquitetura está associada à cabana que protege o fogo, que mantém o fogo que aquece a família. A primeira habitação, a primeira casa seria resultado do fogo protegido”. (MIGUEL, 2002)

O homem precisou do fogo para se aquecer, e do abrigo para que o vento ou a chuva não apagasse o fogo, e foi assim que para Vitruvio surgiu a casa, e o homem deu início à sua “atividade construtora”.

“A casa é o objeto construído, possui valor econômico, é o abrigo, o invólucro protetor, é a parte integrante do sítio onde se integra. O lar, por sua vez, é a vivência familiar dentro da casa [...]”. (MIGUEL, 2002)

“o grande codificador da teoria da cabana primitiva como base da arquitetura será o abade Marc-Antoine Laugier (1713-1769) ao publicar em 1753, de forma anônima, seu influente Essai sur l’Architecture [...]” (MIGUEL, 2002):
“O primeiro homem quis fazer um alojamento que lhe cobrisse, sem sepultá-lo. Alguns ramos cortados no bosque foram os materiais adequados para o seu desenho. Escolheu os mais fortes e os levantou perpendicularmente formando um quadrado. Colocou encima outros quatro transversais e sobre estes, outros inclinados, em duas vertentes, formando um vértice no centro. Esta espécie de teto foi coberta com folhas para que nem o sol e nem a chuva pudessem entrar e estava assim o homem alojado. É certo que o frio e o calor fizessem sentir incomodidade na casa aberta por todas as partes e assim colocou-se palha entre os pilares e assim ficou seguro... [...]”.

Definições...

Casa: 1. Edifício destinado, em geral, a habitação. 2. Lar, família. [...]

Lar: 1. A parte da cozinha onde se acende o fogo. 2. Lareira. 3. A casa de habitação. 4. A família. 5. A pátria.

Habitação: 1. Ato ou efeito de habitar. 2. Lugar ou casa onde se habita; morada.

Habitar: 1. Ocupar como residência; residir. 2. Tornar habitado. Habitável.

Hábito: 1. Disposição adquirida pela repetição frequente dum ato, uso, costume.

Residência: Domicílio.

Domicílio: Casa ou lugar onde se reside; residência.

Abrigo: 1. Lugar que abriga. 2. Agasalho que protege do mau tempo. 3. Cobertura, teto.

Cabana: 1. Habitação precária e rústica; choupana. 2. Casebre.

Introdução


Um dos principais temas estudados pela Arquitetura é a habitação, sendo a residência a tipologia em que se expressam mais comumente as mudanças ocorridas no modo de projetar e pensar a arquitetura. A forma da casa resulta de fatores sociais, culturais, econômicos e da legislação local (índices urbanísticos de ocupação do solo). Portanto, a idéia de moradia pode variar de uma sociedade para outra, entre países diferentes, resultando em casas com programas e formas diferentes. O sentido do termo “habitar” vem sendo modificado através dos tempos. Desde a Antiguidade Clássica, passando pela Idade Média, pela sociedade industrial, pelo pós-guerra, até os dias atuais, a casa vem sofrendo alterações constantes para se adaptar às novas necessidades dos seus habitantes.