Na Idade Média a habitação e o local de trabalho se confundiam, convivendo não apenas pessoas com laços de parentesco, mas, subordinados ao Mestre artesão proprietário dos meios de produção, moravam sua família, seus empregados assalariados e seus aprendizes, todos sob o mesmo teto, às vezes num único cômodo.
Ao longo do século XVIII, a partir do processo de industrialização, o cenário da habitação foi sendo modificado gradativamente. A casa da sociedade industrial não abriga mais o trabalho, apenas pessoas ligadas umas às outras por estreitos laços de parentesco, consolidando a família nuclear como modelo familiar moderno.
Depois da Segunda Guerra Mundial, com a cultura norte-americana se tornando referência de sociedade moderna, a habitação se tornou bem de consumo. A partir de então a casa setorizada por funções específicas (social, íntima e de serviços) passou a ser modelo de moradia para a classe média. A sala, área de prestígio, situa-se na parte nobre da casa, geralmente a parte da frente. Banheiros, cozinhas e áreas de serviços ficaram relegados aos fundos. E os quartos, compondo a área íntima da casa, devem ficar longe dos olhares de estranhos. Já para a população pobre não havia cômodos setorizados nem privacidade, os espaços eram pequenos, abarrotados de gente e sem ventilação e iluminação naturais. Os que não tinham condições de morar próximo de seus trabalhos devido à especulação imobiliária, surgida depois de processos de renovações urbanas nos grandes centros, acabavam adensando favelas e periferias.
Mais recentemente têm ocorrido diversas modificações nas formas de habitar. A informatização veio substituir a mecanização. As pessoas não precisam mais morar nos pólos geradores de informação, as informações chegam até suas casas, onde quer que elas estejam. Os grupos domésticos têm sofrido transformações, a família nuclear tem dado cada vez mais espaço a novos tipos de relações domésticas, como famílias monoparentais, casais sem filhos, uniões livres, grupos sem laços de parentesco, indivíduos que vivem sós, e a própria família nuclear modificada. A própria setorização da casa sofreu alterações, a cozinha deixou os fundos para se tornar espaço privilegiado, integrada com a sala. O banheiro ganhou mais atenção, foi transformado em sala de banho, local de relaxamento, um spa privativo. Com cada vez menos área útil, a casa tem ganhado elementos flexíveis, divisórias internas móveis, portas de correr e mobílias dividindo e integrando espaços. O trabalho retorna ao espaço doméstico, agora superequipado com alta tecnologia e sistemas de comunicação à distância, modificando hábitos, relações e espaços. Cada cômodo possui televisão, dvd, som, telefone, computador, etc, diminuindo o tempo de convivência familiar.
O arquiteto deve estar atento a essas transformações para projetar as habitações da sociedade atual, que vêm sendo modificadas para atender às novas necessidades de seus moradores.
Referências:
- TRAMONTANO, Marcelo. Habitação, Hábitos e Habitantes: “Tendências contemporâneas metropolitanas”.
- PINA, Silvia A. M. G.; KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. “Arquiteturas do Morar: comportamento e espaço concreto”.
terça-feira, 10 de julho de 2007
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2 comentários:
nossa
uau uau vai sentando no meu pau
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